Sob nova direção

Instalado na tradicional Cinelândia carioca, o Teatro Serrador (1940) abrigou no passado companhias famosas como as de Procópio Ferreira e Eva Todor e marcou a estréia de alguns textos de Nelson Rodrigues (Valsa nº 6 e A Mulher Sem Pecado).

Fechado por quase uma década, foi reformado e reinaugurado em 2012 pela companhia Alfândega 88.

Em apenas um ano de ocupação, a equipe pilotada pelo diretor Moacir Chaves desfechou uma intensa agenda de atividades, que contempla desde oficinas gratuitas de interpretação e dramaturgia a espetáculos com preços acessíveis.

Já passaram pela casa, em temporadas concorridas, montagens consagradas de outros coletivos, como A Descoberta das Américas, estrelado por Júlio Adrião, A Alma Imoral, solo de Clarice Niskier,e A Serpente, pelo Teatro do Pequeno Gesto.  

Dedicada à pesquisa e investigação de linguagens teatrais não convencionais, a inquieta Alfândega 88 encenou ali os impactantes Labirinto, reunião de textos do autor gaúcho Qorpo Santo, Os Trabalhadores do Mar, adaptação da primeira parte do livro homônimo de Victor Hugo, e A Negra Felicidade (foto), sobre a luta de uma escrava pela sua liberdade.

O nome do grupo, por sinal, é inspirado na história da escrava negra Felicidade: ela chegou a trabalhar na Rua Alfândega nº 88, distante dois quilômetros do Serrador.   

Os três espetáculos integram a programação regular do teatro, consolidando um dos ângulos da residência artística desenvolvida pela trupe, o sistema de repertório, prática comum na cena teatral da Europa.  

O esforço pela revitalização do espaço foi reconhecido: o projeto de reforma, reabertura e ocupação do Teatro Serrador conquistou nesse ano o 25º Prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro na categoria Especial.

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