EDITOR: Edgar Olimpio de Souza (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

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A máquina Kantor

O multiartista polonês Tadeusz Kantor (1915-1990) atuou nas áreas da pintura, desenho, escultura, objeto, assemblage, cenografia, encenação, happening e performance.

Por meio desse naipe de linguagens, ele manifestou sua visão de mundo, permeado pela experiência de ter vivido em uma Polônia que foi ocupada pelos nazistas e depois caminhou sob o regime comunista.

Daí a relevância da exposição Máquina Tadeusz Kantor: teatro + happenings + performances + pintura + outros modos de produção, com entrada gratuita, que acontece até o dia 14 de novembro no Sesc Consolação.

Trata-se da maior apresentação do acervo desse artista no exterior, em comemoração ao seu centenário de nascimento.

A curadoria leva as assinaturas do historiador da arte e diretor polonês Jaroslaw Suchan e dos brasileiros Ricardo Muniz Fernandes, sociólogo, editor e produtor de eventos culturais, e do crítico e pesquisador teatral Sebastião Milaré (in memorian).

“Meus quadros, embalagens, objetos e personagens são pobres, os quais, como vários filhos pródigos, retornam na miséria a suas casas natais”, autodefiniu Kantor.

Organizada como um labirinto de dois andares, logo no início o visitante se depara com a Máquina de Aniquilamento, uma instalação formada por cadeiras empilhadas que se chocam umas nas outras.

No espaço seguinte, materiais relacionados à criação e a vida do artista somam-se aos depoimentos de diretores, atores e críticos sobre a importância da sua produção.

A comedoria foi transformada numa interpretação do Café Europa, um ambiente onde se reuniriam artistas e pensadores de épocas distintas. 

Aqui, é possível tomar café e consultar obras de Kantor e de autores a ele relacionados.

No ginásio estão os objetos cênicos originais de algumas de suas peças, pinturas a óleo, aquarelas, guaches, desenhos e collages, além de documentação fotográfica e cinematográfica.

O público encontrará, por exemplo, a cadeira do espetáculo Que morram os artistas! (1985), o bengaleiro de Dainty Shapes and Hairy Apes (1973) e reconstruções dos elfos e da Goplana da peça Balladyna (1943). (foto de abertura)

Algumas dessas criações são acompanhadas de filmes das performances das quais fizeram parte.

A exposição conta também com uma programação paralela de espetáculos, debates e encontros.

Em uma dessas atividades, Fantasmas – Máquina de Autópsia, performers materializam fantasmas para criar uma relação com máquinas e objetos da mostra.

Para Danilo Santos Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo, Kantor resumiu, em silêncio poético, parte do século XX em pílulas revolucionárias de teatro.

“Ele é um dos artistas poloneses mais influentes do teatro dos séculos XX e XXI, porque sempre pensou no teatro como clandestino às amarras do status quo.”

Na avaliação do sociólogo Muniz Fernandes, ele teatraliza as artes visuais e “visualiza” o teatro.

“A exposição não se reduz a uma simples apresentação das obras, mas uma reinvenção do que é vivo e vivido por Kantor e sua época”, assinala.  

O curador Suchan lembra que, na Polônia, o artista está atrelado a uma arte afastada da política.

“No Brasil, porém, suas ideias foram usadas para fazer uma arte política”, finaliza.

Mais informações no site: www.sescsp.org.br/programacao/67983_MAQUINA+TADEUSZ+KANTOR#

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