EDITOR: Edgar Olimpio de Souza (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

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Teatro: Evita

São Paulo vive uma onda de musicais e o diretor Jorge Takla contribui para engrossar o movimento. Trata-se de uma inovadora e elegante versão para uma montagem que estreou em Londres em 1978, na Broadway no ano seguinte e ganhou adaptação cinematográfica estrelada por Madonna e Antonio Banderas em 1996, que conquistou o Oscar de melhor canção. A dupla Andrew Lloyd Webber (músicas) e Tim Rice (letras) construiu um espetáculo todo cantado e despido de trechos falados, dando-lhe características de uma ópera rock. Assinado por Cláudio Botelho, o repertório vertido para o português entrelaça habilmente ópera, rock, tango, valsa, bolero e outros ritmos latinos. É uma equação que equilibra porções de erudito e pop. O envolvente tecido musical está a serviço de uma trama que tem como personagem-título a mulher do mítico presidente argentino Juan Domingo Perón (1895-1974). De origem humilde, Evita (1919-1952) tornou-se primeira-dama da Argentina aos 27 anos, após uma curta e nada empolgante carreira de atriz. Na condição de uma das mulheres mais poderosas do mundo, morreu aos 33 anos. O musical tenta dar conta desse personagem que passou para a história enredada em controvérsias e amada pelo povo. Curiosamente, os autores pinçaram a figura revolucionária de Che Guevara para ser uma espécie de consciência crítica de Evita. Ele narra, critica, julga e questiona os seus atos. A montagem é dividida em dois atos. O primeiro finaliza com o casamento dela com Perón. O segundo abre com o povo argentino celebrando a primeira-dama. São momentos emocionantes, assim como a descoberta de que a mulher do presidente está doente, sequências bem exploradas pela direção segura de Takla.

Difícil de ser cantada, a partitura do musical exige técnica apurada dos intérpretes, que precisam entoar notas agudas. Em algumas canções, a protagonista Paula Capovilla  chega a exceder-se e sua voz incorre numa certa estridência. Um detalhe técnico que não empana a emoção e intensidade com que a atriz se entrega ao papel de Evita. Com forte presença cênica, ela seduz ao interpretar Não Chores por Mim, Argentina. Dono de belíssima voz, Daniel Boaventura vive Perón de maneira correta, sem arrebatar. Da mesma forma que Fred Silveira, o Che, em performance quase protocolar. A participação de Boaventura, no entanto, é relativamente pequena. Silveira, porém, está quase o tempo todo em cena e falta-lhe carisma para tornar o seu personagem memorável. Algo que o cantor Elymar Santos conseguiu no mesmo papel, em espetáculo dirigido em 1986 por Victor Berbara, que trazia no elenco a cantora Cláudia e o cantor erudito Campos Netto. Cabe ressaltar ainda o desempenho vigoroso de Bianca Tadini, como a amante de Perón, e de Leonardo Wagner, eletrizante na pele do cantor e compositor argentino Agustín Magaldi. Parceira do diretor em vários espetáculos, Tânia Nardini assina mais uma vez a satisfatória coreografia. A cenografia, de Takla e Paulo Corrêa, é minimalista e descarta o uso de cenários grandiosos. Consiste em painéis brancos ao fundo, onde são projetadas imagens documentais e filmes reais da época em que a história transcorre. Um recurso que, além de produzir um belo efeito, ajuda a ilustrar e reforçar o enredo. Fábio Namatame, nome consagrado como cenógrafo e figurinista, mais uma vez enche os olhos da platéia concebendo belíssimos figurinos – são 350 peças e os trajes de Evita são deslumbrantes. Com mais de vinte músicos, a orquestra executa com energia a complicada partitura, regida por Vânia Pajares, também responsável pela direção musical da nova orquestração de Lloyd Webber e David Cullen. A iluminação, de Ney Bonfante, contribui para acentuar a beleza plástica da montagem. As produções musicais de Jorge Takla são sempre de ótima qualidade. Os brasileiros não precisam esperar a nova montagem da Broadway, prevista para 2012. Só se for para ver Ricky Martin no papel de Che Guevara. 

(Vinicio Angelici – O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. )

(Foto: João Caldas)     
 

Avaliação: Bom 

 

Evita

Texto: Tim Rice

Música: Andrew Lloyd

Direção: Jorge Takla

Elenco: Paula Capovilla, Daniel Boaventura, Fred Silveira e outros

Estreou: 26/03/2011

Teatro Alfa – sala A (Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Jardim Dom Bosco. Fone: 5693-4000). Quinta, 21h; sexta, 21h30; sábado, 17h e 21h; domingo, 16h e 20h). Ingresso: R$ 40 a R$ 185. Até 31 de julho.

 

 

Veja o making of do espetáculo:

 

 

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