EDITOR: Edgar Olimpio de Souza (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

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Teatro: Doidas e Santas

Nesta comédia de costumes, com eixo central nas relações afetivas, uma psicanalista moderna e financeiramente independente está insatisfeita no casamento e decide jogar tudo para o alto. Não é só o marido, um sujeito convencional, que a incomoda. Sua mãe, que retornou para morar com ela, é uma mulher um tanto excêntrica. A filha é uma adolescente de temperamento pouco fácil e a irmã solteirona se esforça para deixar as coisas mais tumultuadas ainda. Exaurida da vida pessoal, a cinquentona Beatriz quer dar uma guinada, ampliar seus horizontes. Livre das obrigações conjugais, ela volta a sair e até engata um novo romance, com um garotão.

Não se trata de um texto vertical, que ofereça leituras diferenciadas sobre relacionamentos humanos, seus conflitos e implicações. A peça de Regiana Antonini, inspirada no livro homônimo de contos da escritora Martha Medeiros, se sustenta pela temática universal e pelo equilíbrio entre humor e emoção que impregna a montagem do início ao fim.  O público, especialmente o feminino, tenderá a se identificar com as inquietações de uma mulher contemporânea, compartilhando de suas alegrias e tristezas, afetos e fantasias, prazeres e neuroses. Trata-se de uma encenação singela, com passagens divertidas, momentos mais sérios e eventuais comentários feitos diretamente à platéia. Um espetáculo preocupado apenas em contar uma boa história de transformação pessoal. Ciente disso, o diretor Ernesto Piccolo não complica a trama e deixa os personagens se movimentarem pelo palco sem seguir marcações rígidas.

O elenco exala carisma e desembrulha um desempenho solar. Com forte presença cênica, Cissa Gimarães transita com segurança, desenvoltura e sentimentos à flor da pele pelas duas faces da personagem (Beatriz), a doida e a santa, entrelaçando o que tem de singeleza e sabedoria nesta figura em crise. A atriz desembainha uma conversa fluída, ágil e direta tanto na relação com os demais personagens quanto no contato olho no olho com o espectador. Giuseppe Oristânio incorpora o marido tradicional de maneira convincente, desatando nuances especialmente nas passagens em que tenta reconquistar a esposa. Na pele da mãe, irmã e filha da protagonista, Josie Antello cava a diferença entre as três valendo-se de recursos vocais, figurinos, perucas e trejeitos um tanto caricatos, na medida certa para provocar risos. Se a personagem de Cissa movimenta a narrativa, os demais funcionam como deliciosos contrapontos.

Simples e funcional, a cenografia de Sérgio Marimba se traduz por uma grande estante branca ao fundo, de escopo decorativo, e um sofá vermelho no centro, que concentra boa parte da ação. Helena Araújo e Djalma Brilhante assinam os figurinos, sintonizados à proposta da montagem – destaque para os elegantes modelos usados pela protagonista. Se não é fina iguaria, a montagem ao menos serve um prato digestivo.

(Vinicio Angelici – O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. )

(Foto Chico Lima )

 

Avaliação: Bom

 

Doidas e Santas

Texto: Regiana Antonini

Direção: Ernesto Piccolo

Elenco: Cissa Guimarães, Giuseppe Oristânio e Josie Antello

Estreou: 05/07/2012

Teatro das Artes (Avenida Rebouças, 3970, Shopping Eldorado, Pinheiros). Sexta e sábado, 21h30; domingo, 18h30. Ingresso: R$ 40 a R$ 80. Até 29 de setembro.

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