EDITOR: Edgar Olimpio de Souza (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

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Cinema: Reencontrando a Felicidade

O desabamento psicológico do casal transcorre aos poucos, neste filme melancólico de John Cameron Mitchell. Oito meses atrás, eles perderam o filho de quatro anos em um atropelamento e estão tentando superar a dor da perda. Há uma cena que dá a exata medida de que a recuperação não será fácil ou até impossível. É uma discussão que começa em torno do apagamento do vídeo caseiro do filho em um celular que descamba para uma espécie de catarse em que o casal disputa quem teve mais culpa no acidente. Adaptado de uma peça teatral de David Lindsay-Abaire, o longa desnuda a amargura e tristeza dos personagens em meio ao cotidiano e as opções que cada um segue. Assim como comportamento individual nunca chega a ser natural, o distanciamento entre os dois é notório. Não existe mais disponibilidade para o sexo. O tempo todo é um jogo de aproximações e afastamentos. Howie (Aaron Eckhart) freqüenta um grupo de apoio e se recusa a remover a cadeira infantil do banco de trás do carro. Becca (Nicole Kidman, indicada ao Oscar) chega a se aproximar do jovem responsável pela tragédia e, em escalas diferentes, dividem o mesmo trauma. De maneiras díspares, o casal busca alguma sensação de conforto e consolo para suportar o luto. Como agravantes, a irmã complicada de Becca está grávida e sua mãe insiste em se lembrar de outra morte familiar.    

Embora melancólico, o filme não exibe a ossatura dramática de O Quarto do Filho, de Nanni Moretti, ou a densidade desesperadora de Anticristo, de Lars Von Trier, produções sobre a mesma matéria-prima, mas com abordagens mais epidérmicas da perda e suas conseqüências. Mitchell não mergulha convincentemente nos demônios pessoais de cada um, embora consiga extrair alguma dose de genuína sensibilidade. Ele apenas desenha um esboço psicológico e nem sempre sutil dos eventos – a sequência do supermercado, em que Becca perde o equilíbrio emocional, é tão desnecessária quanto postiça. Esquemática, linear e escorada em diálogos incômodos, a narrativa valoriza momentos de silêncio e o simbolismo de certas cenas, como aquela em que uma vizinha pisa sem querer numa flor do jardim da residência do casal. O título original do filme refere-se à toca do coelho, alusão ao universo onírico de Alice no País das Maravilhas. Quem evoca indiretamente o espírito da obra de Lewis Carroll é o rapaz, por meio de uma história em quadrinhos. A metáfora da necessidade de outra dimensão para aliviar angústias da vida é evidente.    

(Edgar Olimpio de Souza)

 

Avaliação: Bom

 

Reencontrando a Felicidade

Título Original: Rabbit Role (EUA, 2010)                                                                       

Gênero: Drama, 91min                                                                                                 

Direção: John Cameron Mitchell                                                                                             

Elenco: Nicole Kidman, Aaron Eckhart, Sandra Oh e outros                                                                                                                               

Estreou: 06/05/2011

 

Assista ao trailer do filme:

 

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