EDITOR: Edgar Olimpio de Souza (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

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Cinema: A Viagem

Nesta ambiciosa adaptação do romance épico de David Mitchell, os diretores Andy e Lana Wachowski (Matrix) e Tom Tykwer (Corra, Lola, Corra) criaram um filme exasperante e meio caótico, que passeia por diversos gêneros e influências e se estrutura por saltos no tempo, transitando aleatoriamente pelo passado, presente e futuro. Com tramas intercaladas e apresentadas em fragmentos, o longa de quase três horas de duração é uma espécie de liquidificador pop de idéias, alegorias, tradições religiosas e filosofias orientais. As histórias surgem na tela em fatias. A primeira acontece em 1849, em ilhas do Pacífico, onde um advogado americano ajuda um escravo Maori. Na segunda, na Bélgica (1931), um jovem compositor gay deixa seu amante para trabalhar para um rabugento e despótico músico. A terceira, em San Francisco (1973), acompanha uma jornalista que investiga uma conspiração em uma empresa de petróleo. Contemporânea, a quarta gira em torno de um editor de livros que é confinado arbitrariamente em uma nada ortodoxa casa de repouso. Na quinta, ambientada em uma tecnológica 2150, um clone humano acaba se tornando líder de uma rebelião contra o regime opressor. Em uma era pós-apocalíptica, a última flagra uma tribo primitiva cujo líder se associa a uma mulher, sobrevivente de uma civilização avançada, que procura auxílio para salvar a raça humana.        

Há um esforço, que pouco se concretiza, em criar uma unidade narrativa e vínculos naturais entre os seis segmentos. A repórter investigativa de 1973, por exemplo, lê as cartas trocadas pelos amantes em 1931 e chega a ficar presa no elevador com um dos personagens daquela época, agora idoso. Eventos de uma determinada trama são referidos em outra – no último episódio, o líder da comunidade futurista venera a rebelde da trama anterior como uma deusa. Uma estrela cadente, marca de nascença, aparece em vários períodos de tempo. Para reforçar uma das premissas do filme, o da existência da imortalidade da alma, um mesmo grupo de artistas surge em diferentes papéis, personagens, sexo e raça ao longo das histórias, em um impressionante trabalho de maquiagem e uso de próteses. Tom Hanks encarna, entre outros, um escritor que assassina um crítico literário, um médico inescrupuloso e o recepcionista de um hotel. A atriz negra Halle Berry interpreta a mulher do futuro e chega a se transformar em uma personagem loura que vive nos anos 1930. Hugo Weaving incorpora tanto uma rígida enfermeira dos dias de hoje a uma entidade demoníaca.     

O pastiche de estilos literários e gêneros cinematográficos nem sempre funciona satisfatoriamente. Misturam-se ficção científica, thriller policial, comédia inglesa e drama psicológico. Os diretores buscam o tempo todo construir um sentido da vida, pontuando o filme de significados e questões filosóficas sobre viagens cósmicas, conexões de almas, reencarnações e outros misticismos. Embalagem suntuosa, pretensão em excesso e resultado um tanto duvidoso.

(Edgar Olimpio de Souza)                                                                                                         

(Foto Divulgação)

 

Avaliação: Regular

 

A Viagem

Título Original: Cloud Atlas (Alemanha / Estados Unidos, 2012)                             

Gênero: Ficção científica, 172 min.

Direção: Tom Tykwer, Andy Wachowski, Lana Wachowski

Elenco: Tom Hanks, Halle Berry, Hugh Grant, Susan Sarandon e outros.

Estreou: 11/01/2013

 

Veja trailer do filme:

 

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