EDITOR: Edgar Olimpio de Souza (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

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Cinema: O Monge

O drama de consciência vivido pelo protagonista Ambrósio é uma espécie de duelo entre o bem e o mal que acaba por perverter a natureza da sua fé. Ele foi abandonado quando bebê na escadaria de um mosteiro espanhol e criado nas rígidas regras e hábitos dos monges capuchinos. Hoje se tornou um influente e intransigente defensor do catolicismo, capaz até de condenar ao infortúnio uma jovem freira por ter engravidado, e suas inflamadas pregações costumam atrair multidões de fiéis. Adaptado do clássico romance gótico de 1796 do inglês Matthew G. Lewis, o filme dirigido por Dominik Moll (Harry Veio para Ajudar) entrelaça drama e suspense para narrar a ascensão e queda, em plena Madri do século 17, de um personagem impulsionado pela fé inabalável, ícone espiritual na sua comunidade, porém mergulhado em dilemas morais - durante a confissão de um libertino, por exemplo, ele afirma que “cada pecador comete pecados à sua maneira”. É intrigante também o fato de que ele carrega no ombro uma marca sinistra, encarada por alguns católicos como a expressão do diabo, além de ser atormentado por um sonho enigmático e recorrente no qual vê uma jovem de costas rezando e não consegue tocá-la.    

Nesta história de viés faustiano, amparada em uma estética francamente inspirada no expressionismo alemão, com seus contrastes entre claro e escuro, Ambrósio (Vincent Cassel, em densa interpretação) se julga inviolável às tentações. Ele, no entanto, irá gradualmente ceder à tentação a partir da chegada ao monastério do noviço Valério (Déborah François), cujo rosto supostamente desfigurado em um incêndio é coberto por uma máscara, e de sua atração pela jovem Antonia (Joséphine Japy), admiradora de seus sermões religiosos e que vem lhe pedir ajuda para curar a mãe gravemente enferma. Valério, que tem o dom de aliviar as dores de cabeça do monge, seria um enviado de Satanás? Ambos os eventos o levarão para a perigosa fronteira da luxúria e irresponsabilidade e culminarão em uma tragédia.    

A direção instaura uma atmosfera crescente de estranhamento, tensão e angústia. Cada cena parece vaticinar alguma desgraça, potencializada por elipses pontuais, imagens sacras e profanas e uma trilha sonora de tom fúnebre. Mesmo com subtramas desenvolvidas de forma insatisfatória, e personagens em mudanças abruptas, o longa preserva o interesse até o fim. Algumas sequências são marcantes, como a da procissão de homens, com velas derretidas sobre a cabeça, que expiam suas culpas e pecados. Em sua versão do romance, Moll ignorou ambigüidades e substituiu a crítica à hipocrisia da fé por uma fábula que choca com sua provocativa mistura de bruxaria, pecados da carne, repressão e religião.

(Edgar Olimpio de Souza)

(Foto Divulgação)

 

Avaliação: Bom

 

O Monge

Título Original: Le Moine(França/Espanha, 2011)

Gênero: Drama, 101 min

Direção: Dominik Moll

Elenco: Vincent Cassel, Deborah Fraçois, Joséphine Japy e outros.

Estreou: 21/09/2012

 

Veja trailer do filme:

 

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