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Cinema: A Delicadeza do Amor

Burlesco e comovente, o filme dirigido pelos irmãos David e Stéphane Foenkinos desdobra-se em três gêneros. Começa como uma comédia leve, insinua-se pelo drama e termina como um romance. Baseado no livro La Délicatesse, de David, o longa não deixa de reunir ingredientes típicos das histórias de amor improvável. O seu trunfo, no entanto, é contar a relação cheia de dilemas entre uma executiva bem sucedida (Audrey Tautou, com sua beleza discreta) e um funcionário subalterno (o carismático François Damiens) de forma sensível, delicada e até poética, burlando os clichês, normas e uma natural previsibilidade. Com desenvolvimento sem sobressaltos, o enredo simples passeia por temas de fácil identificação como luto, sentimentos reprimidos, a difícil reconstrução do afeto, o temor da solidão.  

Na trama, a jovem Nathalie é uma ex-vendedora de programas de peças de teatro que se torna executiva e vê o mundo desmoronar quando perde o marido num acidente. Seu casamento parecia um conto de fadas e a direção sublinha os momentos românticos até com doses de humor – o casal, por exemplo, chega a interromper um almoço familiar para trancar-se no quarto e fazer amor. Toda a construção desse relacionamento é feita agilmente, com uso inteligente do recurso da elipse, que mostra ambos se conhecendo num charmoso café e o posterior salto no tempo. Instigado a se envolver com o casal, o público será golpeado depois pelo evento trágico. Em processo de recolhimento, a ponto de preocupar os amigos, Nathalie decide só se dedicar ao trabalho. Até que, num gesto impulsivo, beija o colega de trabalho Markus, um sueco desajeitado e tímido que vive na França e também leva uma vida sem grandes emoções. O episódio o aturde de tal maneira que rende uma das cenas mais saborosas do filme – como se fosse um imã, ele transita pela rua e atrai sorrisos, olhares e flertes de belas mulheres que cruzam o seu caminho.

Incomum e surpreendente por envolver pessoas tão diferentes e de trajetórias díspares, o singelo relacionamento entre eles justifica o título do filme, embora o caso de amor seja um tanto instável e incomode o círculo em torno deles. Um dos incomodados é o deselegante chefe de Nathalie (Bruno Todeschini), que vive assediando-a e até convida Markus para jantar, numa hilária tentativa de entender as razões e os trunfos que o levaram a conquistá-la. Aqui e ali há elementos do cinema de François Truffaut (1932-1984), especialmente no que se refere a uma história de diálogos simples, que seduz pelo encanto e despojamento. O filme evolui evitando o drama rasgado em torno da superação do trauma, a angústia do recomeço e a consolidação de mudanças de vidas por conta de novos relacionamentos. Um de seus aspectos é estabelecer um contraponto sutil entre a profundidade da paixão e a superficialidade das convenções sociais. Tem o mérito ainda de tratar com sensibilidade personagens que vivem a ansiedade dos apaixonados em busca da correspondência amorosa. Tudo emoldurado por uma trilha sonora de tom sentimental. Sem ser absolutamente emocionante, fisga pela ternura despretensiosa.                                                                                                                              

(Edgar Olimpio de Souza)                                                                                                    

(Foto: Divulgação)

 

Avaliação: Bom

 

A Delicadeza do Amor

Título Original: La Délicatesse(França, 2011)

Gênero: Comédia Romântica, 108 min

Direção: David Foenkinos e Stéphane Foenkinos

Elenco: Audrey Tautou, François Damiens, Bruno Todeschini e outros

Estreou: 25/05/2012 

 

Veja trailer do filme:

 

 

 

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