EDITOR: Edgar Olimpio de Souza (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

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Teatro: Sem Medida

A estrutura da peça é esquizofrênica, num primeiro olhar. A trama começa no apartamento de Vivi (Flávia Guedes), que é despertada pela chegada da amiga Marlete (Cláudia Missura), envergando o figurino da pintora mexicana Frida Kahlo. O diálogo entre as duas é interrompido mais adiante com a aparição do personagem Fábio (Renato Scarpin, substituto de Renato Rabelo) que, dirigindo-se à platéia, a quem define como um grupo de auto-ajuda, confessa sofrer de compulsão sexual. Esquemática e convencional, a montagem desliza alternando esses dois núcleos até fazer a intersecção entre os planos – o álibi para juntar as duas histórias não é muito original, mas funciona. Bem armados, os diálogos e as observações irônicas sobre temas atuais sustentam a peça de estréia do psicólogo Wagner Silvestrin. Através da chave do humor e da nítida opção de não avançar além da superfície, vão se amontoando questões como ditadura da estética, rejeição, busca da fama a qualquer preço, vícios variados. Um menu temático facilmente identificado pela platéia.  O tarimbado diretor Victor Garcia Peralta, que assinou espetáculos de boa carreira comercial (Os Homens são de Marte e é prá lá que eu vou / Não sou feliz, mas tenho marido), consegue imprimir clima ágil à montagem, explorar o melhor de cada ator e extrair comicidade de um texto que se vale muitas vezes de clichês surrados e fórmulas já testadas.

O trio de intérpretes não chega a verticalizar os personagens e parece atuar sem esforço aparente. Eles dão vida a figuras enredadas em algum tipo de obsessão ou compulsão, infelizes na vida pessoal e ansiosos por uma segunda chance. Renato Rabelo, ainda no elenco quando este crítico viu a montagem, chegava a se impor como o homem louco por sexo, que decidiu se refugiar em uma praia. Com tipo físico adequado, Flávia Guedes exibe performance correta na pele da gordinha que vive momentos de puro terror só de subir em uma balança e, apesar do esforço em querer fechar a boca, está sempre beliscando alguma comidinha. Quem arranca boas gargalhadas do público é Cláudia Missura. Ela reafirma seu talento de comediante interpretando uma atriz anoréxica, viciada em bebidas e anfetaminas, em busca de um lugar ao sol. Sua vida pessoal acaba sendo mais divertida do que as personagens que tenta emplacar nos testes profissionais – o solo em que imita a cantora inglesa Amy Winehouse, conhecida  por suas bebedeiras e uso de drogas, é um dos momentos mais engraçados da encenação. A produção é caprichada e reúne nomes talentosos. A cenografia de Adriana Milhomen, que reproduz a sala de um apartamento e um estúdio de fotografia, é simples e requintada ao mesmo tempo. A iluminação leva a assinatura do sempre competente Maneco Quinderé. De muito bom gosto, os figurinos de Sonia Tomé buscam fugir do caricato. A música, de Marcello H, atende a proposta básica de apenas ilustrar algumas cenas. Trata-se de uma comédia simpática, que fisga o espectador ao falar sem psicologismos de assuntos comuns de seu cotidiano.   

(Vinicio Angelici – O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. )

(Foto Ricardo Pimentel)

 

Avaliação: Bom

 

Sem Medida                                                                                                                        

Texto: Wagner Silvestrin                                                                                                     

Direção: Vitor Garcia Peralta

Elenco: Claudia Missura, Flavia Guedes e Renato Scarpin 

Estreou: 06/05/2011                                                                                                                                 

Teatro Nair Belo (Rua Frei Caneca, 359, Shopping Frei Caneca. Fone.: 3472-2414). Sexta, 21h30; sábado, 21h; domingo, 19h. Ingresso: R$ 50. Até 31 de julho.

  

 

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