EDITOR: Edgar Olimpio de Souza (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

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Cinema: Estamos Juntos

Premiado no último Festival de Recife, o filme de Toni Venturi (Rita Cadillac – A Lady do Povo) é um drama pessoal que flerta com o drama social, tendo São Paulo como uma espécie de personagem. Esta opção fica evidente na compassada sequência inicial, um panorâmico vôo por cima de prédios, na exploração de alguns símbolos do agito da cidade, como as baladas, no drama social dos sem-teto, em citações como a da lei antifumo e referências mais subjetivas, como a da solidão inerente de uma grande metrópole. Um dos personagens chega a comentar com outro que para ver estrelas é preciso olhar para baixo, aludindo às feéricas luzes da metrópole. Vivida com sensibilidade à flor da pele por Leandra Leal, a personagem central Carmem é uma solitária médica residente em um hospital público paulistano. Ela saiu do interior do Rio de Janeiro, tem um amigo gay DJ (Cauã Reymond, grata surpresa no papel) e outro imaginário (Lee Taylor, em registro frio), uma misteriosa figura que só aparece em momentos em que ela está só – o roteiro não se preocupa em defini-lo como real ou projeção do inconsciente dela. De certa forma dispensável, ele parece existir para materializar em palavras o pensamento da protagonista. A rotina de Carmen, mostrada sem pressa, é quebrada por pequenos episódios, como o assédio do chefe, e grandes eventos, como a descoberta de que está com uma doença grave. No meio, o envolvimento com um músico argentino (Nazareno Casero, um tanto caricato), que custará a amizade do DJ, também interessado pela mesma pessoa.

Venturi se infiltra no universo particular dessa personagem e envereda pela questão social a partir do instante em que Carmem é levada por uma colega médica (Débora Duboc, em bom desempenho) a trabalhar como voluntária em um movimento de sem-teto. As cenas documentais de ocupação de um prédio vazio no centro são bem realistas. São dois planos dramáticos - rico x pobre ou individual x coletivo - que se entrelaçam, mas nem sempre rendem uma costura satisfatória. Por vezes, um núcleo acaba desidratando o outro. A protagonista passa a transitar por esses mundos. Se num primeiro momento parecem bem assimilados, logo se revelarão desconfortáveis, até assustadores. A direção se esforça em temperar a história com ingredientes poéticos. Passeia pelo micro e macro buscando acentuar as afinidades e as contradições. A metrópole, neste filme de viés humanista, é um organismo pulsante que pode perturbar pelos ruídos – a violência que cerca a ocupação - ou incomodar pelo silêncio – os “apagões” da protagonista. Tudo parece estar fora de ordem. Uma aparente desarmonia entre o indivíduo e a coletiva que, antes de significar um problema, reflete uma forma de olhar a realidade.   

(Edgar Olimpio de Souza)

(Foto Divulgação)

 

Avaliação: Bom

 

Estamos Juntos                                                                                                                        

Título Original: Estamos Juntos (Brasil, 2011)                                                                                        
Gênero: Drama, 111 min                                                                                                                   

Direção: Toni Venturi                                                                                                              

Elenco Leandra Leal, Cauã Reymond, Débora Duboc,e outros                                               

Estreou: 03/06/2011 

 

 

Assista ao trailer do filme:

 

 

 

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