EDITOR: Edgar Olimpio de Souza (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

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Cinema: Bruna Surfistinha

Um dos lançamentos mais badalados do ano, estrelado pela atriz Deborah Secco, que aparece em trajes íntimos ou despida, é decepcionante. A adaptação do livro O Doce Veneno do Escorpião, de Raquel Pacheco, que vendeu 250 mil exemplares e foi traduzido para quinze idiomas, resultou num longa que aposta na abordagem simplista e sem ousadia. As cenas de sexo são quase assépticas. Egresso do mercado publicitário, o diretor Marcus Baldini evita tanto a apologia da prostituição, risco que correria pelo tema da trama, como não se esforça em aprofundar a psicologia da personagem central. É nesse tom morno que se desenvolve a história de Bruna Surfistinha, nome de guerra da garota de classe média que abandona a família e vira garota de programa, tornando-se famosa nacionalmente após lançar um blog em que relata as suas experiências sexuais, incluindo comentários sobre as performances dos clientes. No fundo, a trajetória da protagonista não é muito diferente da de muitos artistas, que experimentam o sucesso e o apogeu, mergulham na espiral das drogas e comprometem a carreira para, no final, encontrarem a redenção ou, no mínimo, um ponto de equilíbrio. Logo na abertura do filme, ela aparece se exibindo em frente ao computador. Nas sequências seguintes, o espectador vai saber que a tímida e insegura Bruna é uma adolescente discriminada no colégio – uma cena íntima cai na internet, potencializando o problema -, e incompreendida pela família que a adotou. Pouco adiante e ela já se vira como garota de programa em uma casa do gênero, perdendo aos poucos o ar de Lolita e desabrochando como mulher. Não demora e se lança na prostituição de luxo, alugando uma sofisticada cobertura. É quando se deslumbra, imerge na vida desregrada e vivencia o declínio, chegando a atender clientes em locais de terceira categoria e a preços irrisórios.

Um das limitações do roteiro é justamente costurar toda essa trajetória de altos e baixos de maneira apressada e descuidada, sem abrir frestas para explicar as transições ou buscar uma leitura mais depurada do comportamento da personagem. Afinal, uma garota tipicamente classe média sair da casa dos pais para um prostíbulo não é tão comum assim. Se Deborah Secco é uma atriz apenas esforçada e de expressões sem matizes, o elenco de apoio obtém bom rendimento, com Fabíula Nascimento, Drica Moraes e Cássio Gabus Mendes em performances mais nuançadas. Baldini promoveu algumas mudanças em relação ao livro. Se na publicação o colar roubado da mãe é vendido por ela para conseguir dinheiro, no longa é roubado por uma colega do prostíbulo, o que vai gerar confusão suficiente com direito a ameaça de faca. Se no impresso Raquel Pacheco conta que saiu do bordel por livre vontade, na tela foi expulsa do local após discutir com a cafetina por causa de um episódio que envolvia outra menina. São opções assumidas pelo diretor, que atenuou a característica original da obra, a de ser um relato autoral da experiência de uma jovem na prostituição. Ele preferiu investir numa narrativa com hálito folhetinesco e ênfase na jornada. O filme  descarta as ambigüidades e os paradoxos embutidos nessa parábola sobre uma adolescente que se rebela, vivencia a ascensão e queda e amadurece às duras penas no final.

(Edgar Olimpio de Souza)

 

Avaliação: Regular


Bruna Surfistinha

Título Original: Bruna Surfistinha (Brasil, 2011)

Gênero: Drama, 109 min                                                                                                                             

Direção: Marcus Baldini

Elenco: Deborah Secco, Cássio Gabus Mendes, Drica Moraes e outros
Estreou: 25/02/2011

 

 

 

Assista ao trailer do filme:

 

 

 

 

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