EDITOR: Edgar Olimpio de Souza (O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

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Teatro: Constellation - Uma Viagem Musical pelos Anos 50

No dia 2 de agosto de 1955, a Varig, então maior companhia aérea brasileira, inaugurou uma nova rota entre o Rio de Janeiro e Nova York. Para isso, passou a utilizar o luxuoso Super Constellation G, o avião mais moderno daquele período. O tempo de viagem entre as duas cidades foi reduzido de 72 horas para cerca de vinte horas.

Símbolo dos anos dourados no Brasil, o fato serviu de ponto de partida para o autor Cláudio Magnavita escrever o musical, ambientado em 1955 na Cidade Maravilhosa. Misturando ficção e realidade, a ingênua trama acompanha a jovem Regina Lúcia (Julie) no esforço de conseguir uma passagem no primeiro vôo da famosa aeronave - ela participa de um concorrido concurso promovido pela Rádio Nacional, cujo prêmio é justamente uma vaga no passeio aéreo até Nova York. A jovem vive com a mãe divorciada (Lovie Elizabeth) e a tia vedete Maria da Penha (Andrea Veiga) em um modesto quarto e sala em Copacabana. Todas estão empenhadas nessa missão. Na reta final da disputa, que acontece no prestigiado Golden Room do Copacabana Palace, a candidata precisa acertar o título de três canções. O enredo é previsível, mas tem apelo porque embalado por dezesseis sucessos do cancioneiro americano da década de 1950, como Only You, Blue Moon, Stand by Me e Unforgetable, interpretadas em inglês.

Este crítico viu a primeira montagem desse texto em 2002, sob o título Constellation- nas asas do glamour, com direção de Eduardo Loyolla e no elenco um conjunto vocal muito em evidência na época chamado GEM-4. A atual versão é superior. Isso porque o diretor Jarbas Homem de Mello conseguiu injetar mais emoção e agilidade à encenação, ainda que o segundo ato se arraste um pouco e, por vezes, gire em falso. Sua proposta não prevê invencionices. Ele busca dar dinamismo a uma dramaturgia construída para dar suporte a uma penca de canções conhecidas.  

O elenco é afinado e dá conta do recado nos números musicais. Com potência vocal, Julie, promissora intérprete lançada no programa The Voice, da Rede Globo, faz sua estréia no teatro musical na pele de uma garota delicada, ingênua e entusiasmada pelos acontecimentos à sua volta. A bela e sensual Andrea Veiga é uma grata surpresa no papel de uma vedete louca para arrumar marido e pedir a faixa de miss de Martha Rocha. Ela dá o tom cômico e malicioso à encenação e canta com desenvoltura, caso de When I fall in Love. Lovie Elizabeth está adorável como a charmosa mãe da protagonista, funcionária do Ministério da Educação. Sua interpretação de Unforgetable é um dos momentos mais emocionantes da sessão.                                                                                                                                                 

No time masculino, que assume diversos tipos ao longo da peça, Franco Kuster se destaca na composição do playboy meio cafajeste Jorginho Guinle, responsável pela elaboração da lista vip de convidados para o badalado evento, entre eles Martha Rocha e Cauby Peixoto. O ator executa muito bem três hits imortalizados na voz do famoso conjunto americano The Platters: Only You, The Great Pretender e You’ll Never Know. Márcio Louzada dá vida ao fuzileiro naval e noivo da mocinha, que não perde a compostura mesmo nos momentos em que sente ciúmes dela. Dotado de voz típica de baixo, exibe maestria em Can’t Help Falling In Love e Unchained Melody, esta em dueto com Julie. Murilo Armacollo impressiona na performance de My Prayer. Drayson Menezzes revela dom para a comédia e mostra vigor vocal em Smoke Gets In Your Eyes. Marco Azevedo está hilariante em Surfin’ U.S.A.

O espetáculo dispôs de uma equipe técnica de primeira linha. De forte impacto visual, a cenografia de Natália Lana reproduz o colorido da época. Patrícia Muniz concebeu os figurinos femininos, de cores vibrantes, que remetem ao glamour dos anos 1950 – os homens, por exemplo, vestem paletós com asas nas costas, alusão ao sonho de voar. Na cenografia, Vanessa Guillén mesclou passos típicos daqueles tempos com outros modernos, obtendo excelente resultado. A diretora musical Beatriz De Luca aproveitou que as partituras da montagem original não foram encontradas e refez todos os arranjos com roupagem contemporânea, preservando o estilo e a estética do passado. Dicko Lorenzo, no visagismo, e Wagner Freire, no desenho de luz, desfiam competência. Comédia leve e despretensiosa, ancorada por canções que fizeram a cabeça dos avôs e que hoje também encantam os netos.  

(Vinicio Angelici – O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. )

(Foto Divulgação)

 

Avaliação: Bom

 

Constellation – Uma Viagem Musical pelos Anos 50

Texto: Cláudio Magnavita

Direção: Jarbas Homem de Melo

Elenco: Andrea Veiga, Julie, Lovie Elizabeth, Márcio Louzada e outros.

Estreou: 02/08/2015

Espaço Promon (Avenida Juscelino Kubitschek, 1830, Vila Nova Conceição. Fone: 3071-4236). Quinta e sexta, 21h; sábado, 19h e 21h30; domingo, 18h. Ingresso: R$ 120 e R$ 150. Em cartaz até 27 de setembro.

 

Veja cenas do espetáculo:

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