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Cinema: A Árvore da Vida

Dirigido pelo recluso Terrence Malick, cineasta de poucos mas intensos trabalhos, o filme é um audacioso painel sobre o sentido da vida, que conquistou a Palma de Ouro em Cannes nesse ano. Com uma lógica peculiar, o diretor americano estabelece uma associação nem sempre natural entre a origem do mundo e da vida na Terra e o cotidiano com alegrias e tristezas de uma família num bairro do subúrbio do Texas na década de 1950, arquétipo da América daquela época. Ou, de maneira mais metafórica, Malick finca uma conexão entre Deus como responsável pela criação humana e o pai que educa severamente os seus filhos pequenos – criadores que precisam infligir algum tipo de sofrimento e castigo às suas criaturas, como na parábola de Jó, citada nas primeiras sequências. Trata-se de uma reflexão sobre a espiritualidade e o título, por sinal, evoca a Bíblia e a árvore do Jardim do Éden.

Brad interpreta este personagem autoritário, que cuida das crianças com rigor militar, capaz tanto de proteger quanto de oprimir. Sua mulher, vivida por Jessica Chastain, é o contraponto, como mãe protetora e tolerante. O enredo não transcorre de forma linear e convencional, mas alterna-se entre os anos 1950, o tempo atual e a gênese do universo. No presente, o filho mais velho, já adulto e distante da família, é um melancólico e angustiado arquiteto (Sean Penn), que lembra da sua infância dura e da morte de um de seus irmãos, ponto de partida para a história – pungentes, as cenas flagram os pais recebendo o comunicado do falecimento e o que se segue é um luto dolorido e silencioso. A partir daí, o filme oscila nos planos abordados, com cortes abruptos. A narrativa desloca-se entre os três eixos, demorando-se no núcleo familiar.       

O painel sensorial articulado por Malick inclui narrações em off, divagações sobre a existência, overdose de imagens cósmicas e retratos espetaculares da natureza – há imagens de dinossauros e de outros animais, vulcões em erupção, cachoeiras, geleiras, oceanos. É uma leitura quase metafísica da aventura humana na Terra, embalada ainda por diálogos escassos e trilha sonora instrumental quase onipresente. Não chega a ser um filme sem arestas a aparar. A longa sequência de cerca de 20 minutos sobre a criação do mundo, que remete a 2001, o clássico de Kubrick, poderia ser encurtada e resgatar a densidade emocional que vai se diluindo pelo caminho. É uma explosão de cenas relâmpagos com intenção de transcendência espiritual, que acaba por se materializar lá pelo fim do longa, quando um personagem atravessa espécie de portal e vai parar numa praia. Ali, na presença de todos que marcaram a sua vida, ele vai se apaziguar espiritualmente - parte da crítica especializada comparou, com alguma razão, esta sequência ao clima de certos filmes espíritas brasileiros recentes, como Nosso Lar. Ao investigar a relação entre o homem e a natureza, Malick teceu um trabalho que foge do trivial sem cair numa ingênua pretensão.    

(Edgar Olimpio de Souza)

(Foto Divulgação)

 

Avaliação: Bom

 

A Árvore da Vida

Título Original: The Tree of Life (EUA, 2011)

Gênero: Drama, 139 min                                                                                              

Direção: Terrence Malick

Elenco: Brad Pitt, Sean Penn, Jessica Chastain e outros                                                 

Estreou: 12/08/2011

 

Veja o trailer do filme:

 

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